sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

FATORES DE RISCO A CONTAMINAÇÃO POR SALMONELA AO LONGO DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE RAÇÕES

A Salmonella SP. atualmente consiste no maior perigo microbiológico para as fábricas de ração.  As principais fontes de contaminação são os ingredientes, tanto de origem animal (farinhas de ossos, carne e vísceras) quanto vegetal (milho, soja, sorgo, farelo de arroz, farelo de algodão). Além destes, outros fatores também têm sido considerados de risco como presença de pó nas dependências da fábrica (decorrente do descarregamento ou pré-limpeza de ingredientes ou processos como a moagem), vetores e más condições de higiene. Condições de fabricação que favoreçam altos índices de umidade e temperatura nas unidades de produção também estão associadas ao aumento da contaminação da ração. Tratamentos térmicos (como a peletização e extrusão) e químicos (utilização de ácidos orgânicos e formaldeído) são alternativas utilizadas no controle deste problema.
Várias estratégias complementares têm sido utilizadas no controle da contaminação da ração, e estas incluem tratamentos físicos e uma ampla variedade de tratamentos químicos. O método de descontaminação mais utilizado é o tratamento térmico, normalmente empregado em conjunto com outros procedimentos de produção como a peletização e a extrusão. A recomendação em rações para a destruição da Salmonella é o aquecimento a 80-85°C, sendo que a tolerância ao aquecimento varia entre os sorotipos, com uma redução decimal até 80°C (e 0,8 de atividade de água) variando de 2 a 12 minutos (COOKE, 2002). Segundo o estudo de Torres & Piquer et al. (2011), a peletização é capaz de reduzir a contaminação por Salmonella na ração pronta.
Os principais agentes químicos utilizados atualmente são: ácidos orgânicos e seus sais, formaldeído, desreguladores da parede bacteriana como terpenos e óleos essenciais. (DAVIES & HILTON, 2000; WALES et al., 2010). A maior vantagem quanto à utilização dos tratamentos químicos está no efeito antimicrobiano residual, que pode persistir após o armazenamento, auxiliando na proteção do alimento contra a recontaminação. No entanto, a persistência do produto pode também ser uma desvantagem por interferir no resultado de testes microbiológicos, impedindo a detecção de organismos ainda viáveis. O processo de descontaminação não pode ser considerado garantia de “negativo para salmonela”, pois o nível de contaminação pode estar abaixo do poder de detecção do método aplicado (WALES et al., 2010; WIERUP & HÄGGBLOM, 2010).
A maioria dos equipamentos das fábricas de ração não foi projetada para evitar o acúmulo de resíduos e vários destes não apresentam acessos inspeção e higienização. Equipamentos e linha de produção adequada são essenciais para a fabricação de uma ração com menor risco de contaminação.
Sistemas de aspiração de pó são de extrema importância para a produção de ração, principalmente quando os ingredientes são transportados para as dependências da fábrica. A importância do monitoramento contínuo na produção da ração dentro do programa de APPCC e a adoção de ações corretivas na detecção da contaminação são de suma importância para prevenir a introdução da salmonela na produção animal e subsequentemente na cadeia de alimentos de origem animal (WIERUP & HÄGGBLOM, 2010).  
Simpósio Internacional de Suinocultura -  Débora C.P. Pellegrini