segunda-feira, 21 de março de 2011

Caso Silvio Santos: O que leva o fundador à perder seu império?

Em setembro o Banco Panamericano, setor de negócios do Grupo Silvio Santos, foi fiscalizado pelo Banco Central-BC que constatou um rombo de 2,5 bilhões. Esse valor teria provido de irregularidades encontradas no balanço.

Para que o banco não quebre, o próprio dono do Grupo, o empresário Silvio Santos, recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito- FGC, para a concessão de uma injeção financeira 2,5 bilhões. O acordo é que Silvio Santos pague o empréstimo ao longo de 10 anos, mas coloque praticamente todo o seu império como garantia de pagamento. Entre essas 44 empresas estão o próprio PanAmericano, o SBT, o Baú e a Jequiti.

Nas Empresas Familiares, situações como essa infelizmente são decorrentes. O fundador constrói um sonho, e gasta grande parte de sua vida e energia construindo seu patrimônio. Dedica-se quase que exclusivamente à empresa. É o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair, muitas vezes deixa de acompanhar o crescimento dos próprios filhos, e, quando conquista estabilidade e credibilidade perante o mercado, se vê diante uma situação como a de Silvio Santos, em que uma decisão pode colocar em risco toda sua vida de trabalho.

 Quando se fala em patrimônio Familiar, os motivos que podem fazer o sonho da perpetuação desmoronar são diversos, mas em sua maioria estão diretamente ligados a conflitos familiares.

A falta de preparação de um sucessor, vinculada à morte prematura do fundador, é quase uma receita para o fracasso. A sucessão é um passo vital para a perpetuação da empresa, sendo assim, é preciso escolher bem (e antecipadamente) quem sentará na cadeira do presidente. Avaliar a vontade, vocação e espírito de liderança para o cargo são fundamentais para o sucesso.

O ego torna-se um problema nessas situações. Intrigas podem surgir até mesmo por influência dos agregados à empresa (noras, genros, sobrinhos, primos, etc) que não admitem que seu parente tenha um cargo ou salário superior.

No caso da família Abravanel, depois de um escândalo que certamente abalará a estrutura do Grupo Silvio Santos, uma alternativa para manter a empresa forte em um momento de crise é a profissionalização da empresa e a definição clara dos papéis de cada membro. As decisões mais importantes para o futuro dos negócios devem ser tomadas pelo fundador, pois ninguém conhece mais sua empresa do que ele próprio, ele certamente saberá dar a ela o destino que julga correto.

A implantação de uma cultura familiar também é um ponto imprescindível para o sucesso da corporação. Os herdeiros (as) que assumirem a gestão deverão manter os princípios aplicados pelo fundador que normalmente são: cultura, valor, credibilidade, comprometimento com o negócio, trabalho duro, disposição para se sacrificar ao cliente e confiança dos familiares.


Domingos Ricca

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